Dizem que sou distraída. Dizem que olho o vazio, constantemente. Dizem que grande parte do tempo ando a passear noutro Mundo que não este.
Não o desminto. Quando estou distraída, a olhar o vazio, para mim, esse vazio está preenchido; és tu quem lá está, não é vazio nenhum, és tu. És sempre tu, quem eu vejo quando não olho para lado nenhum, quem está sempre comigo quando estou sozinha, quando me sinto sozinha.
Procuro-te nos cantos, no chão, no ar… E quando te encontro, quando finalmente vejo a tua cara, com o teu doce sorriso dirigido a mim, não consigo desviar o olhar e sim, viajo para outro Mundo, onde eu estou realmente contigo. Onde esse sorriso é real, verdadeiro. Onde o teu olhar é inteiramente meu. Onde o espaço que nos separa é desprezável de tão perto nós estarmos. Onde eu não ouço a tua voz, tu não falas para mim, limitas-te a olhar-me e a sorrir pausadamente, e isso, para mim, é tudo, melhor que mil palavras que me poderias dizer.
Esse Mundo em que eu entro, sempre que te encontro, é onde eu descubro uma felicidade que não conheço no Mundo real, uma felicidade que eu desejava, acima de tudo, tornar verdadeira e permanente. No entanto, isso não é possível. Infelizmente. Assim, tento encontrar-te sempre que posso, nas minhas “horas vagas”, só para receber um simples olhar e um sorriso teu. Duas das coisas mais singelas, puras e naturais da vida, conseguem fazer-me tão, tão feliz!
Chamem-me louca, absurda, disparatada… Eu compreendo que nem toda a gente tenha a capacidade e o privilégio de amar como eu amo. Eu reconheço que quem me apelide de louca nunca tenha sentido o calor de um simples sorriso; que quem me chame de absurda nunca tenha entrado nas profundezas de olhar sincero; e que quem me considere disparatada nunca tenha realmente vivido uma paixão insanamente verdadeira, como eu a vivo.