quinta-feira, 14 de julho de 2011

Mundo (i)real












[22-05-2011] Estava cansada. Não cansada fisicamente, mas antes cansada de tudo que se tem vindo a passar, de todos os problemas. Não chorava, porque sabia que só me ia fragilizar ainda mais, e fazer-me chorar a qualquer mínima situação que me tocasse na sensibilidade. Não gritava, porque não estava sozinha em casa e não queria que se apercebessem de que não estava tudo bem comigo. Não pensava, pois o que eu mais queria era precisamente o contrário: tirar todos esses pensamentos da minha cabeça. Não mantinha os olhos abertos, pois a água que me escorria pela cara, nem quente nem fria, ardia-me quando entrava para os olhos, deixava-me a visão baça e obrigava-me a fecha-los. Não respirava, simplesmente porque me esqueci. E ali fiquei, estatelada debaixo do chuveiro. Abstrai-me de tudo, deixei-me levar para um sítio diferente. Um sítio onde tudo era seguro, onde não havia gritos, lágrimas, nem problemas. Queria ficar ali para sempre, não queria sair daquele “Mundo”, onde tudo era perfeito, porque simplesmente não havia nada. Queria. Queria tanto que me forcei a não “acordar”, forcei-me a ficar ali, a não voltar. No entanto, sabia que não era possível.

Não podemos fugir à realidade. Não podemos fugir às lágrimas, aos gritos e aos problemas. Não neste Mundo, o real. Não é assim tão fácil, não podemos simplesmente viajar para outro sítio e deixarmo-nos ficar por lá até que tudo fique resolvido. Não é assim. Infelizmente não é assim.